Uma vez, minha mãe me disse que quando "nasce um bebê, nasce uma mãe"!
Hoje sou mãe, e, sinceramente, concordo e discordo dessa frase. Concordo porque um amor incondicional brota inexplicavelmente. Descomunal. Uma abnegação e entrega além da razão. E, não concordo porque todos os dias, desde o primeiro encontro, você aprende a ser mãe. Aprende desde os primeiros cuidados simples de trocar uma fralda até a lidar com essa nova mulher. Uma mulher que nasce a cada dia, mas que, indubitavelmente, uma mulher que não é uma coisa só. É multi. E apenas acumula mais uma função que é o de ser mãe.
E nessa jornada da maternidade, descobrimos o ser mãe a cada dia. Por começar, descobrimos que ser mãe é fazer planos e no meio do caminho mudar de ideia e, até mesmo, de ideais, porque cada bebê é um bebê, e, o que serve para o bebê da vizinha, talvez, não sirva para o meu.
Descobrimos também que ser mãe é ouvir milhões de palpites, sugestões, dicas e conselhos (sim, importante e educadamente temos de recebê-los), contudo, é ouvir o coração, a intuição de “mãe” que indica o que fazer. É justamente nessas horas que aparece que essa mãe já estava lá. Existente na essência.
Ser mãe é também ser de carne e osso. É sentir na pele a insanidade do cansaço pelas noites mal dormidas e, ainda sim, sentir-se plena emocionalmente, mesmo que as emoções – principalmente no puerpério – estejam descompensadas.
Ser mãe é investir tempo. Doar. Entregar-se até mesmo o que não tem. É ter força mesmo quando há fraqueza. É perder a paciência e sentir-se culpada por tal sentido, afinal, carregamos nos braços o bem maior que alguém poderia ter. É ficar irritada e pedir perdão. É mudar as prioridades ou pelo menos revê-las. É construir memórias na simplicidade do cotidiano. É saber que somos passíveis de erro mesmo dando o nosso melhor. É assumir as próprias escolhas sem medo dos julgamentos. É ver o que funciona e o que se adequa a sua família.
Ser mãe é uma descoberta diária, sobretudo, que na prática não existe a maternidade romantizada colocada de forma utópica nas revistas e propagandas da TV ou fotos de blogueiras – lindas e belas maquiadas. E mesmo com todo esse choque percebemos que o maternar vale a pena. É tanto amor que não cabe no peito. Por isso, eu digo: ser mãe é experimentar diariamente o amor mais profundo e infinito!
Texto: Ana Paula Mendes